Mais de 150 anos após o fim da Guerra do Paraguai, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Santa Catarina, busca resgatar o patrimônio material deixado pelo conflito nas regiões paraguaias de Humaitá e das Cordilheiras, locais onde aconteceram os combates mais intensos.
Os pesquisadores estão catalogando coleções locais de artefatos de guerra e utensílios usados nos campos de batalha, e identificando novos sítios arqueológicos. Os materiais encontrados nas escavações serão enviados a museus paraguaios, contribuindo para o patrimônio cultural do país. A ideia também é fomentar o turismo cultural nas regiões impactadas pela guerra, estimular o desenvolvimento da economia local e fortalecer o interesse pela história da região.
Para o arqueólogo e professor associado da UFFS, Jaisson Lino, a maior contribuição do projeto coordenado por ele é a reparação histórica.
“Acredito que temos uma dívida histórica com o Paraguai. Nós destruímos um país, isso é um fato nunca reconhecido pelo Brasil. Então, por meio da arqueologia, podemos começar um movimento de reparação das sequelas deixadas pela guerra, mesmo que de forma sutil”, afirma Lino.
Também chamada de Guerra da Tríplice Aliança, a Guerra do Paraguai é reconhecida como o maior conflito militar da América do Sul. Entre 1864 e 1870, Brasil, Argentina e Uruguai uniram forças contra o Paraguai, que teve grande parte de seu território devastado e perdeu 40% da sua população masculina adulta. Os impactos desse confronto deixaram consequências econômicas e sociais que ainda hoje afetam o país. Boa parte da população que vive nos locais de conflito se encontra em situação de vulnerabilidade social.
Neste novo vídeo Humanamente, conversamos com o arqueólogo Jaisson Lino, coordenador do projeto, e com o professor de história do Instituto Federal de Santa Catarina, Guilherme Babo.
Assista ao vídeo: