Muito além de um intervalo para a merenda, o recreio deve ser um momento de conversa, brincadeira e respiro. No entanto, esse tempo livre tem sido cada vez mais reduzido – ou até se tornado inexistente – em muitas escolas da rede pública do Rio de Janeiro.
Essa é uma das principais conclusões de uma pesquisa conduzida por uma equipe de pesquisadores do Núcleo de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo foi realizado com 2.500 estudantes do 5º e 6º ano, em 34 escolas municipais das zonas norte, sul e centro do Rio, e integra uma série de investigações que o grupo de pesquisadores realiza há mais de 15 anos, com o objetivo de registrar a participação social e política das crianças no contexto escolar.
Nas rodas de conversa e oficinas coletivas promovidas por eles, os alunos compartilharam suas percepções sobre a rotina escolar e apontaram as mudanças que desejam ver nas escolas. Entre os relatos, uma queixa apareceu com frequência: a ausência ou a redução do tempo livre para brincar no recreio.
A pesquisadora Lúcia Rabello de Castro, coordenadora do estudo, esclarece que o recreio representa uma experiência central na formação das crianças, do ponto de vista pedagógico e humano, mas, ainda assim, não é um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
“Existe um entendimento informal de que, após o momento da refeição, as crianças podem ter um tempo livre para brincar. Mas isso varia muito. Na maioria das escolas, esse intervalo é de apenas 15 minutos, tempo em que elas precisam ir ao banheiro, beber água e comer. Não sobra tempo para brincar”, afirma a pesquisadora.
A pesquisa aponta que professores, gestores, funcionários e famílias precisam reconhecer o tempo livre do recreio como parte de um processo educativo mais amplo, que valorize não só o conteúdo, mas também os vínculos e o bem-estar de todos.
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