Pesquisadores resgatam a história da geografia escolar no Brasil

Livros e outros documentos dos séculos 18 e 19 ligados à disciplina estão sendo digitalizados e em breve serão disponibilizados em plataforma online

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Por Aline Weschenfelder

Pesquisadores do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão resgatando livros didáticos, leis educacionais, currículos e programas escolares de geografia dos séculos 19 e 20, a fim de entender como se deu o surgimento dessa disciplina nos estados da Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles acreditam ser importante compreender como se deu o desenvolvimento da geografia escolar para que pesquisadores e estudantes da área entendam seu papel enquanto educadores na sociedade

 Para o estudo, estão sendo levantados documentos históricos em acervos das secretarias de educação, universidades e bibliotecas dos institutos históricos e geográficos desses estados. A ideia é digitalizá-los e disponibilizá-los em uma plataforma online, facilitando o acesso a essas fontes. 

Os pesquisadores estão dando ênfase às marcas de leituras que aparecem nos livros, isto é, destaques, comentários e grifos deixados pelos professores. Elas permitem compreender como se davam as relações entre esses profissionais e o contexto histórico do período estudado. “Conseguimos perceber como os educadores lidavam com questões hierárquicas, se davam suas aulas conforme o que era estabelecido por seus superiores ou se agiam de outra forma”, explica a geógrafa Maria Adailza Martins de Albuquerque, professora na UFPB e coordenadora do projeto.

Já foram catalogados 13 livros didáticos publicados entre o século 19 e início do 20, e também algumas leis que tratam sobre o estudo da geografia de São Paulo.

A pesquisadora espera que as fontes históricas observadas na pesquisa possam contribuir para a ampliação do conhecimento científico da área e estimular o pensamento crítico no campo dos estudos da geografia. “Esses materiais são importantes para que os educadores tenham consciência sobre sua função social no presente, com base naquilo que aconteceu no passado”, destaca. 

Assinatura do autor em exemplar como garantia de autenticidade da obra.

De fato, os atuais profissionais estão cientes dos avanços do campo, cujo foco vai além dos aspectos naturais. “Atualmente, a geografia se debruça sobre questões sociais, econômicas e étnico-culturais”, diz a geógrafa Viviani de Mattos Marcelino, professora do ensino fundamental e médio em escolas das redes pública e privada.

Para ela, o papel do educador de geografia está em ensinar de forma mais crítica. “O objetivo é formar cidadãos-alunos capazes de pensar o espaço face às suas contradições e comprometidos em construir um mundo mais justo e igualitário”, afirma a professora.

Os pesquisadores da UFPB esperam que os resultados da pesquisa possam servir de referência a outros estudiosos do campo e a profissionais como Viviani Marcelino, que ministram a disciplina em salas de aula.

As próximas etapas do estudo compreendem a realização de seminários com o objetivo de divulgar os resultados preliminares e a implementação de um site, no qual todo o material digitalizado será disponibilizado para consulta.

Contribuem com o projeto as Universidades Federais Fluminense (UFF) e de Campina Grande (UFCG), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade de São Paulo (USP).

Sobre o projeto:

O projeto “Fontes para a História da Geografia Escolar: leis, livros didáticos, currículos e programas das províncias do Brasil” foi contemplado na chamada nº 40/2022, do Edital Pró-Humanidades do CNPq.

Coordenadora: Maria Adailza Martins de Albuquerque (UFPB)

 

Imagem cedida pelo projeto.