Municípios Implementam As Mesmas Políticas? Capacidade Estatal e Políticas para o ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis
Coordenador Andre Luiz Marenco dos Santos (UFRGS)
Esta pesquisa tem por propósito oferecer elementos para capacitar gestores públicos municipais no desenho de políticas locais que gerem impactos nos indicadores de desigualdade e desenvolvimento sustentável. Para isto, pretende explorar as relações entre gestão municipal e efetividade de políticas públicas locais. O ponto de partida para esta agenda de investigação consiste na percepção de que o entendimento sobre como são governados os mais de 5 mil municípios brasileiros ainda constitui uma caixa-preta. A despeito de podermos encontrar inúmeros e densos estudos de caso sobre municípios e as relações de poder em escala local, há lacuna localizada na carência de interpretações capazes de identificar padrões de governo municipal, interações entre instituições políticas e a produção de políticas públicas locais, e as mudanças provocadas em relações intergovernamentais a partir do novo quadro constitucional inaugurado em 1988. Um primeiro marco referencial para a agenda de investigação aqui proposta consistiu na percepção de que análises sobre federalismo e relações intergovernamentais tem sido orientadas por foco em hierarquias verticais estabelecidas entre governos federal, estaduais e municipais, traduzido nos debates sobre centralização versus descentralização nas decisões sobre produção de políticas públicas. Sem desconsiderar as contribuições promovidas por estes enfoques, a démarche que orienta a agenda desta pesquisa consistiu em analisar as variações e assimetrias horizontais observadas entre os 5,5 mil municípios brasileiros, a partir das oportunidades conferidas pela descentralização de recursos políticos, fiscais e administrativos promovidas pela Constituição Federal de 1988. Neste sentido, o conceito de “capacidade estatal” constitui um fio condutor para as análises, buscando identificar variações nos recursos políticos, administrativos e fiscais, capazes de ampliar o potencial de governos municipais para a oferta de bens e serviços públicos. Um segundo marco pode ser localizado na preocupação em buscar as interações entre a política e as políticas públicas. Tradicionalmente, a agenda de estudos sobre instituições políticas tem sido abordada a partir de um tratamento segmentado: [i] competição eleitoral, [ii] estrutura e composição de burocracias públicas, [iii] implementação de políticas públicas. Analisar as influências entre competição partidária e seu impacto na estrutura do serviço público e na oferta de políticas; entre a profissionalização da administração pública e a natureza e resultados das políticas públicas, constitui empreendimento relevante para compreender como são governados os municípios brasileiros e se isto importa nas escolhas orçamentárias e nos indicadores locais de desigualdade e desenvolvimento sustentável.
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