Pobreza limita criatividade

Vulnerabilidade socioeconômica compromete produção e qualidade das performances artísticas populares, problema que as políticas de incentivo à cultura ainda não conseguem resolver, conclui estudo da UFRGS

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Desde 2022, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) acompanham o trabalho de três coletivos artísticos em situação de vulnerabilidade socioeconômica atuando nas áreas das artes visuais, dança, música e teatro. Com base em entrevistas realizadas com artistas populares membros desses coletivos, concluíram que a falta de dinheiro tende a limitar a produção artística e comprometer a qualidade das performances.

Os artistas afirmaram que a necessidade de buscar outras fontes de renda, a falta de infraestrutura e a ausência de apoio institucional dificultam os processos criativos — muitos, inclusive, relataram a preocupação constante de precisar abandonar a arte para garantir a própria subsistência.

“Quando os coletivos artísticos conseguem financiamento e trabalham em condições mais estáveis e estruturadas, produzem mais e melhor. Ou seja, a ideia de que a adversidade é um fator que contribui para a criação artística, apesar de bastante romantizada, é falsa”, afirma o teatrólogo Gilberto Icle, professor da Faculdade de Educação da UFRGS e um dos coordenadores da pesquisa.

O estudo também destaca que as políticas públicas para o setor cultural precisam considerar as realidades socioeconômicas dos artistas populares, uma vez que os principais mecanismos de financiamento beneficiam apenas uma pequena parcela de produtores culturais.

Os resultados da pesquisa serão disponibilizados em um site e servirão de base para recomendações a gestores públicos. A expectativa dos pesquisadores é que o estudo contribua para políticas mais eficazes e acessíveis, assegurando condições dignas de criação para artistas em situação de vulnerabilidade. 

Saiba mais sobre a pesquisa no novo podcast Humanamente

Sobre o projeto:

O projeto “Pobreza e Performance” foi contemplado na Chamada nº 40/2022, do Edital Pró-Humanidades do CNPq.

Coordenador: Gilberto Icle (UFRGS)

Ficha técnica

Roteiro, produção e apresentação: Paulo Bellardi

Sonorização: Gilberto Vianna

Assistente de edição: Rodrigo de Oliveira Andrade

Edição executiva: Washington Castilhos

Coordenação geral: Luisa Massarani