Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Litoral, em Matinhos, litoral paranaense, estão desenvolvendo um estudo para identificar os efeitos da Lei nº 13.415/2017 na atuação de professores de geografia do ensino médio no Brasil e os desdobramentos dessas mudanças em sua formação continuada.
Aprovada no governo do então presidente Michel Temer, a legislação reestruturou o último nível da educação básica, estabelecendo um modelo que ficou conhecido como Novo Ensino Médio.
A pesquisa envolve a aplicação de um questionário on-line para 282 docentes de diferentes regiões do país, além da análise de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da realização de rodas de conversa nas escolas.
Um dos principais desafios observados para a capacitação permanente dos professores foram as novas demandas geradas pelos chamados itinerários formativos, compostos por um conjunto de disciplinas flexíveis, permitindo aos estudantes se aprofundarem nos conteúdos que mais lhes interessam dentro das quatro áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Linguagens.
“Houve a inserção de itinerários para os quais nenhum professor tinha formação específica”, explica a coordenadora do estudo, Ângela Katuta, professora de licenciatura em geografia da UFPR Litoral. “Muitos professores tiveram de pegar os itinerários formativos porque não sobrou aula de geografia”, conta.
Uma nova reforma promovida pelo Ministério da Educação em 2024 — e que entrou em vigor em 2025 — tenta corrigir algumas distorções, como a carga horária total das disciplinas obrigatórias, incluindo a geografia, que havia sido reduzida para 1.800 horas, mas voltou a ser de 2.400 horas ao longo dos três anos do ensino médio. Já a carga horária mínima dos itinerários formativos foi reduzida para 600 horas, metade do que havia sido estabelecido inicialmente.
Ouça aqui o novo episódio do Podcast Humanamente e saiba mais sobre a pesquisa.