Críticas às plataformas digitais na educação
Vendramini acrescenta que, na área da educação, sempre houve resistência à digitalização do ensino, mas, na pandemia, criou-se as condições para implementar a iniciativa. O processo proporcionou a entrada do Google, da Microsoft e de outras grandes empresas no mundo da educação, as quais passaram a fazer convênios com universidades e redes públicas de ensino.
Segundo Vendramini, a introdução das plataformas digitais na educação pode gerar formas de controle físico e mental de docentes. “Os professores passaram a ser muito mais controlados por um sistema em que todo trabalho realizado é registrado”, aponta. Outras consequências futuras — e danosas — podem ser, segundo ela, a padronização de currículos, das avaliações e de recursos educacionais.
Os pesquisadores estão analisando documentos da política educacional brasileira que orientam os currículos e a organização do trabalho escolar, além de dados censitários e estatísticos, para identificar as condições de vida, trabalho e escolarização de crianças, jovens, adultos e profissionais de diferentes áreas.
O projeto envolve ainda a observação de gestores, professores e estudantes de escolas públicas de educação básica de Florianópolis, em Santa Catarina, escolas de educação infantil, ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade da educação básica destinada a jovens e adultos acima de 15 anos que não tiveram acesso e/ou não concluíram o ensino fundamental.
Os próximos passos da pesquisa incluem a observação do cotidiano escolar, realização de grupos focais, aplicação de questionários entre estudantes do ensino médio e conversas com familiares de alunos do ensino fundamental. Os dados serão coletados em escolas públicas de Santa Catarina.
Contribuem com a pesquisa a Universidade de Brasília (UnB), as universidades federais de Goiás (UFG) e Pelotas (UFPel), a Universidade de Veneza, na Itália, e a Universidade da Cidade de New York, nos Estados Unidos.
Sobre o projeto
O projeto “A reconfiguração da escola diante das atuais transformações no mundo do trabalho” foi contemplado na chamada nº 40/2022, do Edital Pró-Humanidades do CNPq.
Coordenadora: Célia Regina Vendramini (UFSC)