Agronegócio ameaça subsistência de ribeirinhos do Amazonas

Expansão das fronteiras agropecuárias tem colocado em risco a economia local e as condições de vida de comunidades tradicionais que vivem da pesca artesanal, agricultura e extrativismo no sul da Amazônia, aponta estudo do IFAM.

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A expansão da AMACRO — zona de integração econômica criada pelo governo brasileiro, em 2019, para impulsionar o agronegócio entre Amazonas, Acre e Rondônia — tem aprofundado o desmatamento e gerado conflitos fundiários em territórios habitados por populações ribeirinhas.

A conclusão é de um estudo do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), coordenado pelo sociólogo João Maciel, que identificou que o avanço da fronteira agropecuária ameaça diretamente a economia local e os modos de vida tradicionais de seis comunidades dos municípios de Lábrea, Boca do Acre e Humaitá.

Foram realizados diagnósticos participativos, por meio de entrevistas, questionários e ferramentas como mapas territoriais e calendários produtivos. Os resultados revelam a perda de acesso a áreas de pesca, extrativismo e agricultura, além da precariedade nos serviços de educação e transporte escolar.

“A produção ribeirinha se torna invisível quando o Estado incorpora o agronegócio como modelo único de desenvolvimento”, destaca João Maciel.

Com base nos dados, as comunidades, com apoio dos pesquisadores, elaboraram seus próprios Planos de Desenvolvimento Comunitário, com metas para enfrentar desafios históricos e recentes.

Clique aqui e saiba quais são essas metas neste episódio do podcast Humanamente.

Sobre o projeto:

O projeto “As comunidades ribeirinhas amazônicas e a expansão do agronegócio: uma análise comparativa a partir dos rios Madeira e Purus, no Sul Amazonense” foi contemplado na Chamada nº 40/2022, do Edital Pró-Humanidades do CNPq.

Coordenador: João Maciel de Araújo (Ifam)

Ficha técnica

Roteiro, produção e apresentação: Paulo Bellardi

Sonorização: Breno Rodrigues 

Edição executiva: Washington Castilhos

Coordenação geral: Luisa Massarani

Veja os dados do Inpe e do MapBiomas citados na reportagem.

Foto da capa: João Maciel