A vida coletiva demanda projetos de transformação social capazes de responder às múltiplas e complexas questões do mundo contemporâneo. Se a educação, há um século atrás, era um projeto dos adultos para as crianças, no presente ela deve ser cada vez mais entendida como algo que envolve a participação das duas gerações. Sem isso, a escola e os estudos tornam-se uma obrigação sem sentido para os menores, e um desempenho burocrático de rotinas escolares para os mais velhos, aspectos que ficam mais evidenciados e agudos em países do Sul Global. A questão de pesquisa do presente projeto abarca três objetivos inter-relacionados: investigar como a geração mais nova pode, e deve, ser incluída nos processos de democratização da vida escolar; como esse processo requer deslocamentos na escuta, valores e relações dos adultos; e como crianças e adultos podem se organizar e se mobilizar coletivamente para endereçar publicamente suas demandas co-geracionais. Tomando como partida o acúmulo de nossas pesquisas em escolas do Rio de Janeiro, nota-se que as reivindicações das crianças são condescendentemente desprezadas. Frente às dificuldades de escutar suas vozes e demandas, esta pesquisa pretende acompanhar crianças (estudantes) e adultos (professoras) no processo de coletivo de organização, mobilização e construção de ?comuns? cujas demandas levam a novas pautas de reciprocidade e relacionalidades. Tal construção, como processo político instituinte nas escolas, será eventualmente acompanhado pelos pesquisadores no seu endereçamento público a outros setores da sociedade civil organizada, como Ministério Público, Legislativo e Conselhos Municipais. Esta pesquisa se baseia em metodologias qualitativas que incluem grupos de discussão, assembleias, oficinas de vídeo e música, e será conduzida em três escolas municipais públicas do Rio de Janeiro que participaram de etapa anterior da pesquisa.