O projeto de pesquisa objetiva analisar os modos pelos quais as tecnologias de governo voltadas às adoções domésticas e internacionais atuam como mediadoras na fabricação do parentesco nos casos de adoções tardias no Brasil. Como forma de contemplar esse objetivo geral, a pesquisa será organizada a partir de dois eixos analíticos.Um primeiro eixo dedicado à análise das políticas públicas voltadas às adoções no país, focando no papel dos profissionais que atuam nos grupos de apoio à adoção, nas ferramentas e programas de busca ativa e nas políticas de entrega voluntária de crianças para adoção. E um segundo eixo relativo aos desdobramentos e consequências de tais políticas públicas, a partir da análise das experiências de gerações de crianças e adolescentes que foram adotados e, hoje, conformam grupos de filhos adotivos, ensejando um movimento pela busca de origens. A problemática das adoções tardias tem colocado desafios às políticas públicas no Brasil. Diante da mudança de perfil das crianças cadastradas para adoção (crianças com mais idade), as autoridades públicas têm se engajado na promoção de uma nova mentalidade entre os adotantes incorporando discursos de sensibilização à causa da adoção tardia. Essas mudanças apontam para a necessidade de que as práticas e os discursos dos profissionais que atuam no campo das adoções também sigam novos protocolos no que se refere às questões de parentesco e parentalidade. Nesse cenário, delineamos as principais pistas do processo de fabricação do parentesco: temporalidade do parentesco, biografia e memória, funções e prescrições da parentalidade, fabricação de laços e o lugar dos parentes biológicos. Em termos metodológicos, o projeto tem como base a realização de pesquisa etnográfica envolvendo as cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Maceió. As atividades de campo estão organizadas em três eixos interdependentes: observação participante, análise de processos e documentos e entrevistas em profundidade.