O tema da desinformação assumiu protagonismo no debate político e acadêmico. Fake news, notícias hiper-partidárias e narrativas conspiratórias (três tipos do que comumente chamamos de desinformação) são abundantes na política e ganharam alcance e influência sem precedentes na era das mídias sociais. Elas criam ruído considerável no debate público, especialmente quando endossadas pelas elites políticas. Embora a desinformação seja uma preocupação crescente entre o público e as elites políticas, estudos importantes sugerem que seus efeitos de persuasão são insignificantes e que é improvável que esse tipo de conteúdo afete diretamente os resultados das eleições. Porém, pouco se sabe sobre os efeitos da desinformação para além da persuasão. Estudos recentes sugerem que a desinformação pode levar a resultados políticos indesejáveis, como confiança reduzida no governo e nas instituições, níveis limitados de mobilização e menores intenções de se engajar no processo político. Mais importante, alguns estudos associam as narrativas conspiratórias a comportamentos e atitudes políticas não normativas, como preconceito em relação a grupos religiosos e étnicos, atitudes populistas e apoio a violência política. Apesar de preocupantes, esses achados ainda são bastante limitados e possuem fraca robustez empírica. A pesquisa proposta visa preencher essa lacuna e produzir evidências robustas a respeito de se e como a desinformação na política aumenta as distorções nas meta-percepções dos eleitores e a disposição para engajamento em comportamentos políticos violentos e normativamente indesejáveis. A pesquisa se baseia em amplo esforço de construção teórica a respeito da conexão entre componentes específicos da desinformação política e as meta-percepções e comportamentos políticos dos eleitores Brasileiros. As principais proposições causais da pesquisa serão testadas através de pilotos e experimentos de survey conduzidos em amostras representativas da população de eleitores Brasileiros.