Este projeto tem por objetivo analisar as dinâmicas da polarização do eleitorado na América Latina. A polarização tanto pode envolver o aumento da divergência ideológica entre os eleitores, quanto uma dinâmica de afeto-desafeto, em que grupos políticos opostos (geralmente associados a partidos ou lideranças políticas) adotam uma identidade do tipo “nós contra eles”. A reorganização da direita e a ascensão de líderes extremistas de direita na América Latina nos últimos anos, vêm mudando profundamente o panorama político. O aumento da polarização na região e, particularmente no Brasil, é de grande relevo em razão dos seus impactos sobre o funcionamento da democracia, sobre a governança das sociedades e sobre os processos e resultados de política pública. Diante deste contexto, o projeto visa investigar as causas da polarização na América Latina, e em que medida esta reflete mudanças culturais e comportamentais de longo prazo, em especial relacionados às transformações do perfil religioso da população e a avanços em pautas progressistas, ou se, alternativamente, resultam de uma estratégia deliberada das elites políticas para politizar determinadas questões que dividem a população. Por fim, pretende-se analisar os impactos de teorias conspiratórias e de pistas (“cues”) percebidas pelos eleitores com respeito ao posicionamento de lideranças políticas – sobre a polarização e sobre as atitudes dos eleitores sobre as políticas governamentais. Para avaliar as causas da polarização na América Latina, serão utilizados modelos de regressão multinível com variáveis por país e indivíduo recorrendo a várias ondas do LAPOP, survey realizado em diversos países da região. Numa segunda etapa, a pesquisa irá avaliar os efeitos da polarização sobre as atitudes dos eleitores sobre diferentes issues e políticas públicas, recorrendo à realização de uma pesquisa de survey com uma amostra representativa do eleitorado brasileiro, incluindo uma série de experimentos.