A (In)Definitude da Perspectiva das Línguas Sub-Representadas

Coordenadora: Roberta Pires de Oliveira (UFSC)

O projeto “(In)definidos: a perspectiva das línguas sub-representadas” se inscreve na Linguística Naturalista; é, portanto, uma pesquisa em ciência básica, que busca descrever e explicar a capacidade dos seres humanos de produzir significado através das línguas. Embora outras espécies também construam significado, a forma como as línguas humanas operam é distinta. O foco desta pesquisa é a distinção entre definido e indefinido – por exemplo, entre ‘o presidente do Brasil’ e ‘um presidente do Brasil’- a partir da perspectiva das línguas sub-representadas, em particular daquelas que apresentam os chamados “nominais nus”, que são sintagmas nominais sem artigos. Investigar línguas sub-representadas é essencial para entendermos a faculdade da linguagem, evitando uma linguística anglocêntrica. Este projeto estuda o Português Brasileiro, uma língua com artigos que aceita nominais nus irrestritamente, o Espanhol RioPlatense. uma língua com artigos que rejeita os nominais nus, o Portunhol, que parece aceitar só o singular nu, o Terena (Aruak) que tem dois artigos definidos e nominais nus, e o Wapishana (Aruak), o Kaiowá (Tupi Guarani) e o Rikbaktsa (Macro-Jê), que são línguas nuas, isto é, línguas que não têm artigos. A metodologia de coleta de dados baseia-se em questionário semi-controlado, que percorre os principais contextos utilizados na literatura para distinguir definidos e indefinidos. A primeira fase consistiu na coleta com os professores de língua materna, que compõem a equipe de pesquisadores, e na elaboração de cartões com a representação das situações para a coleta na comunidade. Essa primeira fase, que replica um protocolo internacional, permitindo a comparação com outras línguas, já se mostrou muito frutífera. A segunda fase de coleta propõe uma metodologia de coleta. Os professores-pesquisadores coletam diretamente com os falantes das línguas nas comunidades, através dos cartões com as situações, elaborados na primeira fase. Os dados que já obtivemos estão em fase de análise. A terceira fase é a visita às comunidades.