Produção familiar para alimentação estudantil

Projeto cearense propõe a inserção de novos alimentos cultivados na agricultura familiar na merenda escolar.

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Por Aline Weschenfelder

A implementação na merenda escolar de gêneros alimentícios locais, produzidos em cultivo familiar, além de reforçar a cultura da região onde são cultivados, pode vir a reduzir o consumo de industrializados e ultraprocessados entre estudantes de escolas públicas. É o que prevê um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido na Universidade Federal do Ceará, que defende a inserção de alimentos produzidos pela agricultura familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Segundo o professor José Arimatéa Barros Bezerra, pesquisador no Departamento de Estudos Especializados da universidade, a compra de alimentos por meio da agricultura familiar para fazer parte da merenda dos estudantes é de caráter fundamental, “uma vez que faz parte das diretrizes da lei da alimentação escolar e contribui para a sustentabilidade local”.

Trituração mecânica da mandioca. Imagem do livro Alimentos tradicionais do nordeste

Ele também lembra que essa prática não agride o meio ambiente e mantém o capital econômico circulando na região. “O agricultor tem seu trabalho valorizado e sua produção vinculada a uma compra institucional”, esclarece Bezerra.

Outras razões são relevantes para a inserção desses produtos na alimentação escolar. Conforme o pesquisador, ela contribui para a melhora na saúde da população, “evitando problemas como doenças crônicas não transmissíveis e sobrepeso”. Além do aprendizado na elaboração de receitas e preparo dos alimentos.

A proposta prevê a valorização da cultura de determinada região em todos os aspectos. Bezerra destaca que esses alimentos carregam valores sentimentais significativos, que incluem “a forma de cultivo, o sustento das famílias produtoras, a elaboração do prato e o seu consumo”.

A investigação envolve engenheiros de alimentos, nutricionistas, químicos, administradores, pedagogos e educadores físicos vinculados à Universidade Federal do Ceará (UFC), ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), à Universidade Estadual do Ceará (UECE), à Universidade Regional do Cariri (URCA) e à Universidade Nova de Lisboa, Portugal.

A pesquisa dá continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido na trajetória acadêmica de Bezerra, coordenador do projeto e autor do livro Alimentos Tradicionais do Nordeste: Ceará e Piauí, publicação que apresenta relatos sobre o conhecimento popular dos dois estados nordestinos, junto a elaboração de seus pratos típicos.

 

Sobre o projeto:

O projeto Alimentos Tradicionais do Ceará, alimentação escolar e desenvolvimento sustentável foi contemplado na chamada nº 40/2022, do Edital Pró-Humanidades do CNPq.

Coordenador: José Arimatéa Barros Bezerra (UFC)