História do associativismo na Amazônia pode ajudar a entender o presente

Projeto coordenado pela Universidade Federal do Pará organiza acervo com mais de mil estatutos de associações e cooperativas criadas entre 1835 e 1988 com o objetivo de ampliar o acesso a esses documentos e subsidiar pesquisas na área das ciências humanas.

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Estatutos de sociedades religiosas e esportivas, entidades de classe, sindicatos e até mesmo grupos abolicionistas, entre outras agremiações, datados dos séculos XIX e XX, integram o acervo do Centro de Memória da Amazônia, vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA).

Os documentos foram cedidos pelo Tribunal de Justiça e pelo Arquivo Público do estado e somam-se a coleções de livros, manuscritos e objetos antigos doados por professores universitários, pesquisadores e personalidades da cultura local.

Depois de organizar e digitalizar a documentação, a equipe do projeto – uma rede de pesquisa que envolve também instituições do Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e do Instituto Camões, de Portugal – agora se dedica à realização de diferentes análises a partir do acervo. Pesquisadoras do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, conduzem um estudo sobre os papéis das mulheres na sociedade da época com base em estatutos de diferentes associações que contavam com a participação feminina. 

“Nos anos 1870, durante o período abolicionista, o papel das mulheres foi muito importante”, destaca a historiadora Magda Ricci, diretora do Centro de Memória da Amazônia e coordenadora do projeto. “Muitas vezes, elas aparecem em associações escolares. Naquela época, em Santarém, no interior do Pará, duas mulheres eram donas de uma escola para homens, é muito interessante”, observa.

Ouça o podcast aqui e saiba mais sobre a iniciativa.

No site do Centro de Memória da Amazônia é possível acessar o catálogo de associações organizado pela rede.

Sobre o projeto 

O projeto “Estatutos e associativismo na Amazônia Brasileira: estudos sobre a documentação estatutária de associações culturais, comerciais, políticas, religiosas, recreativas, esportivas e profissionais do Pará” foi aprovado na Chamada nº 40/2022 do Edital Pró-Humanidades do CNPq.  

Coordenadora: Magda Ricci (UFPA) 

 

Ficha técnica: 

Produção, roteiro e apresentação: Alessandra Ribeiro 

Sonorização: Gilberto Vianna 

Edição executiva: Washington Castilhos 

Assistente de edição: Rodrigo de Oliveira Andrade 

Coordenação geral: Luisa Massarani 

Imagem da capa: Panorama do Pará em Doze Vistas, de  J. L. Righini, do acervo digital do Centro de Memória da Amazônia.