Estatutos de sociedades religiosas e esportivas, entidades de classe, sindicatos e até mesmo grupos abolicionistas, entre outras agremiações, datados dos séculos XIX e XX, integram o acervo do Centro de Memória da Amazônia, vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA).
Os documentos foram cedidos pelo Tribunal de Justiça e pelo Arquivo Público do estado e somam-se a coleções de livros, manuscritos e objetos antigos doados por professores universitários, pesquisadores e personalidades da cultura local.
Depois de organizar e digitalizar a documentação, a equipe do projeto – uma rede de pesquisa que envolve também instituições do Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e do Instituto Camões, de Portugal – agora se dedica à realização de diferentes análises a partir do acervo. Pesquisadoras do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, conduzem um estudo sobre os papéis das mulheres na sociedade da época com base em estatutos de diferentes associações que contavam com a participação feminina.
“Nos anos 1870, durante o período abolicionista, o papel das mulheres foi muito importante”, destaca a historiadora Magda Ricci, diretora do Centro de Memória da Amazônia e coordenadora do projeto. “Muitas vezes, elas aparecem em associações escolares. Naquela época, em Santarém, no interior do Pará, duas mulheres eram donas de uma escola para homens, é muito interessante”, observa.
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