Escola absorveu tendências do mercado, avalia pesquisador da Unicamp

Podcast Humanamente apresenta série sobre educação e trabalho. No primeiro episódio, o educador Lucas Barbosa Pelissari alerta para a queda na qualidade da formação profissional na escola com a implementação da reforma do ensino médio

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O Brasil precisa investir na formação profissional dos jovens com uma base científica e tecnológica mais sólida. A avaliação é do professor Lucas Barbosa Pelissari, do Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.

Pelissari é um dos coordenadores de uma pesquisa de abrangência nacional realizada em 15 institutos federais de educação, ciência e tecnologia que analisou mais de 200 projetos pedagógicos de cursos reformulados nessas instituições de ensino, a partir da reforma do Novo Ensino Médio. Uma das mudanças resultantes da reforma foi a implementação dos chamados itinerários formativos, parte do novo currículo que possibilita aos estudantes escolher as áreas e disciplinas que mais se alinham aos seus interesses profissionais. Os resultados do estudo apontam para uma tendência de conversão dos itinerários formativos em oficinas de qualificação profissional de curta duração, além do aumento da oferta de disciplinas voltadas para o empreendedorismo, presentes em 67% dos currículos.

“O jovem passa a não ter mais a demanda induzida pelas políticas educacionais de fazer um curso integrado de formação profissional de longa duração, que se vincule a uma base científica sólida e que forme para uma profissão”, analisa o professor da Unicamp. Segundo ele, isso revela características da matriz produtiva brasileira, que desvaloriza a ciência e tecnologia e estimula a inserção em postos de trabalho precários, colocando o país atrás de outras nações emergentes.

“Hoje o Brasil forma 40 mil engenheiros por ano, enquanto a China forma 1,5 milhão. A Coreia do Sul, um país com menos da metade da população brasileira, forma 200 mil engenheiros por ano. Esses dados mostram o tipo de matriz produtiva que existe no Brasil”, observa.

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Imagem da capa: Senai/Sistema Fiec