O objeto do projeto é a análise da disputa em torno do conceito de “inteligência” associado ao uso da tecnologia no contexto urbano. Embora não exista uma definição unívoca, a ideia de “smartness” é atrelada à aplicação da tecnologia na gestão urbana. Pesquisas anteriores revelam riscos inerentes a uma gestão urbano-tecnológica na medida em que se criam novos espaços excludentes. Considerando a crescente adesão dos municípios ao ideário das cidades inteligentes como forma de enfrentar os desafios urbanos e considerando as propostas políticas que estão sendo atualmente desenvolvidas na esfera federal, verifica-se a necessidade de levantar, mapear e avaliar as mais recentes iniciativas no Estado do Rio de Janeiro, assim como alguns projetos considerados pilotos e modelos inspiradores no Brasil. Da mesma forma, observamos experiências de tecnoresistência que questionam modelos inteligentes, mas também que propõem estratégias de disputa sobre o uso da tecnologia. Propomos uma análise e comparação dessas experiências heterogêneas destacando a sua relação com o território e a capacidade de enfrentar as desigualdades socioespaciais. O presente projeto avança preenchendo a lacuna relativa aos estudos sobre cidades inteligentes no Sul global, sobretudo no que diz respeito ao seu questionamento e à proposta de concepções de “inteligência” a partir dos embates sociotécnicos protagonizados pelos movimentos sociais urbanos. Para tanto, o objetivo geral é propor um conceito de “inteligência” urbana no respeito do direito à cidade. Isso será feito em parceria com órgãos do poder público e representantes da sociedade civil com o intuito de contribuir para políticas públicas mais inclusivas. Do ponto de vista metodológico serão realizados mapeamentos das iniciativas hegemônicas e contra-hegemônicas, análises qualitativas de tais experiências e análises quantitativas de banco de dados públicos.