Enativismo: Desenvolvimentos e Desafios
Coordenadora: Nara Miranda de Figueiredo (UFSM)
O enativismo é uma abordagem recente da cognição, segundo a qual os sistemas vivos são fundamentalmente relacionais: suas experiências significativas e valorativas emergem da interação dinâmica entre processos orgânicos e ambientais. A presente proposta tematiza a compreensão enativista de processos cognitivos individuais e interativos. Mais especificamente de processos linguísticos, lógicos, fenomenológicos e éticos, que compõem quatro núcleos de investigação. A delimitação dos núcleos se justifica pela própria teoria, que considera a produção de sentido, o caráter fenomênico e a valoração como condições básicas da vida. Os núcleos abordarão questões relacionadas à emergência do significado e do simbolismo, aos seus aspectos interativos e fenomênicos e às suas dimensões de valor. A questão geral que guia esses temas é de se a abordagem enativista é bem sucedida em manter seus pressupostos na consideração da cognição de ordem elevada, como linguagem e raciocínio. Essa questão é relevante pois tem-se reconhecido na literatura que este é um tema ainda subdesenvolvido. A hipótese é de que a teoria pode ser bem sucedida na explicação desses processos a partir da tese de que a experiência significativa é intrínseca às interações entre organismo e ambiente, e processos de alta ordem resultam da complexidade da interação agente-ambiente. Para oferecer evidências sobre sua plausibilidade teremos quatro focos metodológicos: desenvolvimento teórico, revisão de escopo, experimentos em interatividade e experimentos em fenomenologia. Esses metodologias visam explorar (i) a produção participativa de sentido na cognição linguística; (ii) as bases agenciais da inferência lógica, (iii) a relação entre experiência de possibilidades e afetividade básica; e (iv) questões sobre normatividade e opressão nas interações sociais, com desdobramentos na epidemiologia social, na filosofia das emoções e da cognição normativa.